Quando pensamos em visitar outros países, nos vêm alguns questionamentos acerca dos costumes e da cultura dos lugares em que gostaríamos de conhecer. Afinal, é comum termos curiosidade de saber como os povos de outros países vivem, inclusive em relação à morte e aos costumes que a envolve, como, por exemplo, a cremação pelo mundo é igual no Brasil?
Pensando nessas curiosidades, resolvemos escrever um texto para esclarecer todas as dúvidas acerca da cremação pelo mundo, englobando a visão desse processo em diversas culturas e também os posicionamentos religiosos diferentes acerca do assunto de acordo alguns lugares. Confira!
A popularização da cremação ao redor do mundo
A cremação vem crescendo muito no Brasil e no mundo. Isso ocorre não somente pela questão ambiental, porque a cremação é considerada uma prática mais ecológica do que um sepultamento tradicional, mas também pela praticidade do processo e também por ela ser uma medida mais barata.
A cremação nos países orientais
Os países orientais possuem culturas muito diferentes da cultura brasileira, disso a maioria das pessoas sabem. Mas esses países contam também com costumes milenares e religiões muito antigas.
Para a maioria das religiões desses países, a cremação é uma prática consagrada, pois eles consideram que o fogo tem uma função purificadora e de libertação da alma. No oriente, as duas religiões mais populares são o budismo e o hinduísmo. Ambas possuem o costume de cremar os corpos dos falecidos.
A sociedade hindu e a cremação
Para os hindus, a morte não é o fim, pelo contrário, a morte é vista como uma libertação e um acesso ao infinito perfeito, onde existe a paz e a vida eterna verdadeira.
Nessa busca, os hindus não procuram a permanência na terra, mas sim evoluírem enquanto pessoas para estarem preparados para a libertação dos pecados, que é feita com o fogo, sendo cremados após o falecimento.
A destruição do corpo pelo fogo até a transformação em cinzas é um ritual que retira as marcas da identidade, da personalidade e da inserção social de um indivíduo, assim acreditam os hindus.
Em outras palavras, a cremação representa a libertação dos pecados de uma pessoa e a destruição integral da existência terrena.
A cremação na tradição dos japoneses
Quando pensamos em cremação pelo mundo, logo vem o Japão à cabeça, justamente por se tratar de um país majoritariamente budista, que obedece a rituais funerários próprios.
O processo de cremação é a prática mais comum no budismo. A cremação do Japão é bem semelhante a do Brasil, mas os rituais são diferentes. Antes da cremação ser realizada, há uma rápida cerimônia antes de iniciar o processo, que é acionada por um membro da família do falecido, mas existe a opção, a pedido da família, do forno ser ativado por um funcionário do crematório.
Durante o período de cremação, a família se reúne para um almoço e, quando o processo é finalizado, a família recebe as cinzas e partes dos ossos do falecido. Depois, os parentes usam um par especial de hashis (palitos de madeira – um de bambu e outro de salgueiro, que resentam a ponte que faz a passagem entre os mundos) para achar um osso do pescoço do falecido que assemelha a um Buda sentado.
Em seguida, um dos parentes transfere partes dos ossos para um vaso. Por último, parte das cinzas e dos ossos é depositada em pequenos vasos, que são colocados em oratório doméstico, onde o ente querido possa permanecer entre os seus familiares.
Portugal e a cremação
Falar de cremação pelo mundo e não falar do nosso querido Portugal não é justo. Isso porque a cremação em Portugal, além de ser muito semelhante a realizada no Brasil, possui o mesmo preço do que o sepultamento tradicional. No Brasil, a cremação acaba saindo um pouco mais em conta do que o sepultamento.
Em Portugal, assim como no Brasil, a urna é colocada em um tapete rolante até o forno, que leva apenas dois minutos para ser queimada, mas o corpo demora entre uma hora e meia e duas horas para ser transformado em cinzas.
Logo depois é iniciada a fase de trituração do corpo e, em seguida, as cinzas do corpo são separadas da madeira. Então, as cinzas são colocadas em um pote para serem entregues a família, que pode preferir adquirir um columbário.
A tradição da cremação na Grécia antiga
Os gregos não jogavam as cinzas ao vento ou em rios como os hindus, pelo contrário, eles as guardavam cuidadosamente em memória aos mortos. Contudo, a cremação em si possuía significado semelhante, que era de sacrificar tudo aquilo que era mortal e finito, no sentido de preparar os mortos para uma passagem tranquila para outra condição de existência.
Entretanto, havia ainda outro objetivo para a cremação na Grécia Antiga, que era identificar os cidadãos comuns e os heróis. Os mortos considerados comuns eram cremados de forma coletiva e os restos mortais eram depositados numa vala comum.
Já os grandes heróis, quando morriam em batalha, eram levados à pira em chamas após uma bela cerimônia de morte. Isso diferenciava um morto comum de um herói e essa era uma marca de virtude e excelência daquela época.
Esses rituais tornavam os heróis em personalidades imortais, cheios de honras e glórias. Pois o grego antigo só se tornava um indivíduo digno de lembrança quando tinha essa morte “aristocrática”.
A cremação pelo mundo tem muitas caras, que mudam muito com o passar do tempo. Sendo assim, na Grécia, atualmente as cremações são bem diferentes e modernas. Tão tradicionais quanto as cremações brasileiras.
Crenças que não aceitam a cremação
Algumas religiões não aceitam a cremação, devido as regras e as suas crenças, elas acabam não sendo favoráveis ao processo. As principais são o islamismo, o candomblé e o judaísmo.
Essas religiões acreditam que o retono do corpo à terra completa o ciclo da vida, portanto, a cremação quebraria a ordem natural das coisas.
A Igreja católica e a cremação pelo mundo
A religião com o maior número de fiéis no Brasil é Católica, que atualmente é favorável à cremação. Por isso, o número de cremações no país aumenta todos os anos.
A cremação pelo mundo só cresce a cada ano que passa, tanto pelo apoio de grandes religiões, como é o caso do catolicismo, quanto por questões de praticidade e economia.
Com o crescimento populacional e em tempos de pandemia, a cremação acaba sendo uma solução mais viável até mesmo por questões de sanitárias.