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Vivência do luto na pandemia

Vivenciar o luto é um processo pelo qual todos nós passamos em algum momento da vida. Esse período é cheio de desafios que devem ser respeitados e cada pessoa tem seu próprio tempo de recuperação. Contudo, com a pandemia causada pelo o novo Coronavírus (Covid-19), muitas pessoas ficaram impossibilitadas de realizarem as despedidas tradicionais dos ente queridos perdidos.

O ato de velar e sepultar os corpos são bem mais do que uma tradição. Esse ritual de despedida é muito importante para que a pessoa possa processar a perda de um ente querido. Nos velórios as pessoas podem realizar suas últimas homenagens e se despedir daqueles que se foram.

Entretanto, como dissemos, durante a pandemia essa tradição de despedida não pôde ser realizada por conta dos protocolos de saúde. Assim, muitas pessoas ficaram com um vazio imenso por não conseguirem realizar os seus rituais de despedidas.

De acordo com a psicanalista e doutora pela USP Vera Iaconelli, a vivência do luto nesse período de pandemia se tornou mais difícil justamente por conta da falta dos rituais de despedida. Ela mencionou Freud para explicar os motivos dessa dificuldade de elaboração da perda.

De acordo com Freud, o luto é um processo pelo qual a pessoa passa por um trabalho psíquico que precisa ir sendo elaborado com tempo, pois as lembranças sempre estarão com você. Porém, esse trabalho psíquico serve para que a pessoa possa conviver melhor com a perda e com o passar do tempo possa celebrar os bons momentos passados com quem se foi.

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Essas discussões sobre vida e morte estão muito em evidência atualmente por conta das mais de 600 vidas que forem ceifadas pela Covid-19.

O luto na era da pandemia

Mesmo que a morte seja o destino de todas as pessoas e isso seja algo inevitável, a perda de alguém importante em nossas vidas pode representar um acontecimento que pode nos desestruturar. O luto é uma resposta natural à uma perda de algo ou de alguém importante.

O luto é um processo psicológico individual e necessário que permite ao enlutado vivenciar a dor da perda e se adaptar gradualmente a um novo contexto de vida aquela pessoa querida ou algo querido não mais estará.

O processo de luto pode englobar um conjunto de manifestações clínicas, ou seja, respostas físicas, emocionais, cognitivas (pensamentos) e até comportamentais diante da perda. As manifestações físicas podem ser sentidas como falta de ar, aperto no peito, vazio no estômago, cansaço em excesso, dentre outros.

Em relação as manifestações emocionais, elas podem aparecer em forma de ansiedade, culpa, raiva, tristeza, choque, solidão e saudade.

Por sua vez, as manifestações cognitivas são: choque, negação, confusão mental, preocupação e pensamentos ruminativos (quando não se consegue parar de pensar na perda)

Já as manifestações comportamentais ocorrem por meio de agitação física ou sensação de lentidão, choro, alterações do sono e do apetite, isolamento, dentre outras coisas.

Os processos de luto são individuais

Não existem dois processos de luto iguais, mas alguns fatores podem influenciar a forma como cada pessoa poderá vivenciar o seu luto. Fatores esses que podem facilitar ou dificultar o processo e estamos falando da qualidade e do tipo de relação que se tinha com a pessoa falecida, as características da personalidade do enlutado e até as circunstâncias que rodearam a perda.

É importante ressaltar as perdas inesperadas, como situações de acidente ou doença súbita. Pois essas situações podem tornar o luto um processo muito mais difícil de ser elaborado, podendo chegar a um “luto traumático”.

Diante do surgimento de uma pandemia a nível mundial, totalmente inesperada, a humanidade teve que se adaptar a nova e dura realidade onde não é possível realizar os rituais de despedidas. Essa pandemia veio desafiar a nossa capacidade de controle enquanto seres humanos.

Diante disso, a humanidade ficará marcada pela era da COVID-19, onde mais de 600 mil pessoas morreram apenas no Brasil.

A COVID-19 e o luto

Desde o início da pandemia da Covid-19, nós somos confrontados com o tema morte e este confronto diário nos leva a reflexão sobre a nossa finitude enquanto seres humanos. Por isso, acabamos nos sentindo mais vulneráveis e angustiados.

Mesmo que atualmente os conhecimentos em relação a pandemia sejam mais sólidos, a bem da verdade é que as mortes por Covid-19 continuam sendo abruptas e, por isso, é difícil de encontrar um significado na perda. Sendo assim, pensamentos como, “se não fosse a pandemia, a pessoa ainda estaria viva e bem de saúde” são comuns.

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Essas perdas repentinas podem trazer ainda sentimentos referentes a perdas passadas, ou seja, aqueles lutos mal resolvidos, que podem agravar os sentimentos de angústia e tristeza. Por conta dos protocolos de segurança relacionados ao distanciamento social exigido por lei, não existiu um tempo de despedida por parte dos familiares e amigos de pessoas falecidas por consequência da Covid-19.

Nesses casos, palavras ficaram sem ser ditas, assuntos ficaram pendentes, deixando as pessoas enlutadas em um grande estado de angústia, tristeza e, em alguns casos, até mesmo culpa.

Mesmo aqueles que tiveram a oportunidade de realizarem o enterro, não puderam se despedir como gostariam devido as restrições inerentes à realização das cerimônias fúnebres, as quais possuem uma função de adaptação muito importante para os enlutados.

Os rituais de despedida permitem ao enlutado expressar a dor de sua perda, realizar suas últimas homenagens, concretizar o momento de despedida e ainda dividir sua experiência com os demais que também estão em luto.

Só a impossibilidade de estar presente no funeral ou mesmo dele não ser realizado dentro das circunstâncias desejadas pode causar um estresse a mais para os enlutados. Pois não existindo a possibilidade de despedida o luto pode se tornar mais doloroso e difícil de processar.

Isso pode dificultar a aceitação da própria perda, podendo adiar o processo e potencializar o desenvolvimento de lutos traumáticos e até problemas psicológicos como ansiedade e depressão.

O luto é também uma experiência familiar, onde a perda de um ente querido pode provocar uma desintegração no sentido da unidade intacta da família. Por isso, a família terá que reencontrar sua identidade e seguir em frente convivendo com o elemento ausente.

Sugestões para pessoas enlutadas

Evite ficar isolado. Procure conversar com amigos e familiares que representem uma fonte de suporte para você.

Permita-se expressar as suas emoções diante da perda, pois tentar bloquear os sentimentos que aparecem durante o processo de luto poderá intensificar o seu sofrimento.

Não existe uma correta para se comportar durante o luto. Portanto, comunique de forma assertiva as suas necessidades tanto para família quanto para os amigos.

Diante da impossibilidade de despedida e realização de funeral tradicional, busque a sua forma particular de homenagear aquele que se foi.

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