Muitos acreditam que feito o funeral e o sepultamento está tudo resolvido. Que o falecido descanse em paz! Mas não é bem assim. Conheça o ossário, o lugar para onde vão os restos mortais.
Todo o processo da morte, da preparação do corpo pós-morte, do luto, do funeral, do sepultamento já são incrivelmente desgastantes. Mas você se engana se pensa que a sepultura é o destino final dos falecidos. Há ainda o ossário, para onde são levados os ossos depois de alguns anos de sepultamento.
Se você optou por sepultar ao invés de cremar, precisa estar ciente de que raramente as sepulturas são definitivas. Depois de um tempo os corpos são exumados e, por vezes, armazenados em um ossário.
O motivo é simples: falta de espaço. O número de mortes diárias é alto e o espaço adequado para sepultar os corpos é escasso, de maneira que é praticamente impossível um corpo ocupar a mesma cova para sempre.
Por isso, a ossada precisa ser remanejada para dar lugar para outro desaventurado.
É aí que entra em cena o ossário. Quer saber mais sobre esse local e descobrir quanto custa um?
Então, acompanhe o artigo e saiba os detalhes dos procedimentos de manejo dos restos mortais, os motivos da exumação, como funcionam e onde encontrar os ossários e os preços que precisamos pagar depois de mortos.
Saiba também o que é inumação e como ela funciona.
O que é um ossário?
Assim como os jazigos para sepultamento, os ossários também podem ser individuais ou familiares, sendo o segundo o mais comum e mais em conta.
Também conhecidos como ossuários, esses locais ficam localizados nos cemitérios, embora nem todos possuam essa estrutura. São gavetas verticais, dispostas uma em cima da outra, em que são depositados os ossos remanescentes de um falecido.
Ao longo da História, os ossários já tiveram diversas estruturas. Existem há muito tempo e o armazenamento dos ossos sempre foi realizado em diversas culturas.
Mesmo antes de existirem cemitérios, quando os sepultamentos eram realizados em cavernas, havia a preocupação de remanejar as ossadas depois de um tempo.
Igrejas, catacumbas e mausoléus são alguns dos espaços que serviram de ossário em tempos passados.
O ossuário ocupa um espaço menor que um jazigo e também o preço de manutenção costuma ser mais barato que o de uma sepultura, seja ela coletiva ou individual.
Diante disso, é uma solução prática e eficaz para guardar os restos mortais com dignidade, com uma infraestrutura viável e mantendo o cuidado para com a memória do falecido.
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Como funcionam a exumação e transferência da ossada?
As especificações para a exumação e liberação de um jazigo variam muito em cada município ou estado. Isso também depende muito da capacidade e dinâmica de cada cemitério.
Ainda assim, podemos elencar alguns procedimentos padrões que levam um corpo a ser exumado e transferido para um ossuário.
Agora que você já sabe o que é um ossário, confira no tópico abaixo a diferença entre jazigos perpétuos individuais e familiares e saiba quando é necessário exumar um corpo.
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Diferença entre jazigos perpétuos individuais e familiares
Claro que há jazigos perpétuos individuais, de maneira que o falecido tem o direito de descansar em paz naquele espaço eternamente, não precisando ter os seus ossos removidos e transferidos.
No entanto, quem compra um desses precisa pagar taxa anual de manutenção e, em caso de morte do titular, os familiares precisam responsabilizar-se por esse pagamento.
Não é difícil entender, portanto, que eles são extremamente caros e uma opção para poucos.
Os jazigos perpétuos familiares são mais baratos e mais acessíveis aos brasileiros.
Ainda assim, eles são reservados para a família e não para uma única pessoa, então, quando o espaço supera seu limite, é preciso exumar a ossada de algum antepassado para dar lugar para um novo falecido.
É importante destacar que estamos falando de contratações particulares, que exigem um investimento. Vamos tratar das questões que envolvem jazigos públicos no tópico abaixo!
O que são os jazigos públicos?
Em casos em que o falecido não possui jazigo particular ou plano funerário familiar, ele é sepultado em um jazigo público. Um espaço reservado pelo Estado para sepultar também pessoas não identificadas.
Muitos desses jazigos hoje têm formato de gavetas e estruturas de cemitério vertical, a fim de otimizar o espaço.
Com a pandemia de covid-19 e o aumento exponencial de mortes diárias, muitas prefeituras têm aberto jazigos públicos emergenciais, até porque grande parte dos brasileiros não têm condições financeiras de bancar um espaço particular, especialmente em situação de morte súbita.
A falta de planejamento e de informação também são motivos para que um falecido seja encaminhado para um sepultamento em local público.
Acontece que a pessoa sepultada em um jazigo público pode ser exumada, ou seja, retirada da cova, depois de três anos de falecimento.
Em seguida, são transferidos para um ossuário, ou ainda os ossos são cremados e transformados em cinzas.
O que são jazigos particulares?
Mesmo comprando um jazigo perpétuo, são raras as situações em que os restos mortais ficam no mesmo lugar por toda a eternidade.
Para garantir que o corpo nunca será exumado, a família precisa se comprometer a arcar com os custos de manutenção para sempre, o que dificilmente acontece.
Eventualmente, o contrato que garante o uso do espaço pode ser revogado e a ossada transferida para um ossuário. Além disso, os jazigos perpétuos familiares também precisam ser remanejados.
Afinal, se o espaço comporta quatro corpos, por exemplo, e tem sua capacidade total ocupada, algum jazigo precisa ser desocupado para abrir espaço para um próximo falecimento.
Portanto, os jazigos particulares não têm um prazo para exumação e remanejamento, vai depender da capacidade e do plano contratado.
De qualquer maneira, em algum momento o corpo será exumado e, possivelmente, levado para um ossuário.
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Estrutura e capacidade dos ossários
As ossadas podem ser colocadas em espaços individuais ou coletivos. Os ossários também podem ser verticais ou subterrâneos, públicos ou particulares, perpétuos ou provisórios.
Recentemente, a superlotação nos cemitérios públicos têm levado as prefeituras a procurarem alternativas. A prefeitura de São Paulo, por exemplo, criou em 2020 ossários em containers.
Nesses casos o despejo dos restos mortais pouco tem a ver com a preservação da memória e da honra do falecido. Mas cumprem, em verdade, protocolos de manejo adequado dos corpos e depósito ambientalmente correto dos ossos remanescentes.
Para garantir que um ossário cumpra a função de de uma homenagem póstuma, é necessário desembolsar.
O caso do ossuário de Vila Formosa
O cemitério municipal de Vila Formosa, em São Paulo, é um exemplo de como é complicado para o poder público manter a infraestrutura dos jazigos e dos ossuários.
Há diversos problemas relacionados a regiões como estas, em que o cemitério público é muito requisitado e a responsabilidade pela manutenção dos espaços reservados aos restos mortais fica a cargo da prefeitura, com pouco ou nenhum envolvimento e supervisão dos familiares dos falecidos.
Em fevereiro de 2021, foi publicado um vídeo no YouTube que denunciava a situação de armazenamento das ossadas no cemitério de Vila Formosa.
As imagens mostram dezenas de sacos hermeticamente lacrados, contendo os ossos de corpos exumados.
Uma situação nada respeitosa para com os falecidos e que se configura em um problema infraestrutural complicado de ser resolvido.
No vídeo feito de maneira amadora, a voz masculina que narra a cena afirma:
“Olha o ossário de Vila Formosa. Não tá mais dando espaço no ossário, então a prefeitura e o serviço funerário estão alugando esses containers aqui. Cada pacote desse é uma pessoa. Certo? É isso aí que a gente vira: um pacote.”
Essa não é a primeira denúncia feita em relação aos ossários do cemitério de Vila Formosa, considerado o maior cemitério da América Latina.
Há cerca de 10 anos o local passou por investigação por parte do Ministério Público Federal envolvendo ossários clandestinos.
Superlotação: crise nos cemitérios
A cena que destacamos anteriormente foi uma das situações que vieram a público a partir da superlotação pela qual passam os cemitérios e os ossários por conta do elevado número de mortos por conta da pandemia.
É importante deixar claro que uma pessoa que vem a falecer por conta de contaminação por covid-19 precisa de cuidados específicos para o sepultamento, sendo imensamente preferível a cremação, para evitar a propagação do vírus.
Essa crise nos cemitérios e a incapacidade dos ossários para remanejamento das ossadas é um problema grave e que não foi ocasionado do dia para a noite.
Apesar de ser uma das consequências da pandemia, está também relacionado com a falta de atenção do poder público e com a falta de poder financeiro da população.
Guardar os ossos de maneira adequada é caro e inacessível para grande parte da população.
Quanto custa para comprar e manter um ossário?
Nem todo cemitério possui um ossuário, em sua maioria os próprios jazigos possuem um espaço para um futuro armazenamento dos ossos.
Esse tipo de jazigo pode custar até R$3.000 reais, sem contar a taxa de manutenção, que é um gasto financeiro eterno, literalmente.
Há ainda ossários particulares que podem ser contratados mesmo que os restos mortais estejam sepultados em outro cemitério.
São locais específicos, criados para acolher as famílias que precisam exumar os restos mortais de um ente querido, mas têm onde realocá-lo.
Para armazenar uma ossada exumada em um ossário, em primeiro lugar é preciso comprar uma caixa para ossos, que custa, no mínimo, cerca de R$90,00.
Valores de um ossário
Se você procura um valor mais em conta, talvez os serviços funerários das prefeituras municipais seja uma solução. Com base na tabela de preços da Prefeitura de São Paulo temos que:
- O aluguel por cinco anos de um ossário está dividido em quatro categorias e a faixa de preço está entre R$83,00 e R$335,00. No entanto, o documento não descreve se esse valor é fixo, anual ou mensal;
- O tampo grafado do ossário custa cerca de R$70,00;
- O fecho do ossário gera um gasto de R$84,00;
- O traslado do corpo vale R$113,00;
- A escavação para exumação também custa R$113,00;
- A caixa plástica para armazenar a ossada custa, nessa tabela, R$70,12.
Assim, através dos serviços oferecidos pela Prefeitura de São Paulo, incluindo a exumação e o aluguel do espaço do ossário, a família gastará um total de R$785,00, se optar pela categoria de ossário mais cara e R$533,00 se optar pela categoria mais barata.
Por outro lado, a cremação dos ossos custa R$99,85 mais os serviços de exumação.
O que pode ser uma solução mais interessante, por ser definitiva, mais barata, ambientalmente correta e por dispensar a disputa pelas gavetas em ossuários superlotados.
Conheça também os columbários, local que armazena as cinzas dos entes queridos em um espaço especial para homenagens póstumas: Você sabe o que é um columbário? Entenda o que significa agora!
Pesquise mais e conheça suas opções de ossário
Parece que não temos descanso nem mesmo depois de mortos, não é mesmo? As dívidas e gastos nos acompanham para o além-vida.
Mas não deixe que essas questões sejam solucionadas pelas gerações futuras, informe-se sobre as opções de serviços funerários de sua cidade, planeje com antecedência e evite dor de cabeça futura para seus familiares.
Fazer os preparativos para a própria morte ou garantir os serviços funerários de seus familiares pode parecer algo desgostoso e precipitado. Mas é algo necessário e inescapável.
Lembre-se: alguém terá de fazê-lo mais cedo ou mais tarde. Deixar para depois é transferir a responsabilidade para os familiares ou deixar tudo nas mãos do poder público.
Quer descansar em paz de maneira digna? Então preveja as condições de seu ossário.
Esperamos que essas informações tenham sido úteis para você. Explore o nosso blog e saiba muito mais sobre seus direitos, deveres e curiosidades acerca dos assuntos pós-vida.