Se você é um criador, precisa saber como funciona e quando é necessário realizar a eutanásia em animais. Uma escolha que precisa ser tomada com consciência. Confira a seguir e conheça tudo sobre essa prática!
No Brasil, a eutanásia em animais não é uma prática tão recorrente quanto em países como os EUA, onde o procedimento é mais acessível, prático e barato.
Ainda assim, essa intervenção veterinária se faz necessária em muitos casos de animais idosos ou que contraíram doenças e estão sofrendo com dores e infecções.
Há situações específicas em que a eutanásia em animais é recomendada, determinadas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), órgão responsável por regulamentar a prática da medicina e os bons tratos com os animais de criação.
É o CFMV que define e divulga as diretrizes da eutanásia em animais no Brasil, de maneira que é através dos documentos oficiais que podemos entender em quais situações a prática é permitida e quando sua aplicação viola a ética veterinária e os limites entre uma intervenção necessária e uma violência.
Vejamos, então, qual o conceito de eutanásia, quando e por que ela pode ser aplicada em animais e o que leva os brasileiros a optarem pelo procedimento.
Quer saber o que o Estado brasileiro determina sobre a eutanásia? Confira: O que diz a lei sobre a eutanásia?
O que é eutanásia?
O termo, de um modo geral, significa uma boa morte. Com origem grega, o conceito é empregado para designar intervenções médicas em pessoas ou animais à beira da morte, como um meio de cessar a dor de um moribundo.
Diante disso, a prática só pode ser aplicada em situações extremas, em que a morte é a única saída e que prolongar a vida significa insistir em um sofrimento inescapável.
A lei de eutanásia é muito rígida, principalmente em nossa sociedade que valoriza a vida acima de tudo.
No entanto, quando se trata de realizar a eutanásia em animais, os critérios são menos respeitados e os criadores acabam por tomar decisões que não estão somente dedicadas ao bem-estar do bicho.
Para saber quando é adequado optar pela eutanásia em um animal, precisamos observar quais são as diretrizes estabelecidas pela legislação brasileira. Para te ajudar, vamos destrinchar tudo dessa lei no tópico abaixo. Confira!
Diretrizes da eutanásia em animais no Brasil
Quando se trata de animais, sejam pets ou de criação, a eutanásia significa uma intervenção veterinária que visa causar a morte do animal de maneira assistida e controlada, com o objetivo de aliviar a dor ou o sofrimento, apenas se isso resultar no seu bem-estar.
O CFMV deixa bem claro que a eutanásia só deve ser uma opção quando não há meios para evitar a dor com medicação ou quando a condição de saúde do animal não permite tratamento ou socorro (inciso 1º do art. 14 da Lei nº 11.794, de 2008).
Além disso, o procedimento deve ser realizado apenas por um profissional da medicina veterinária, sempre utilizando as técnicas adequadas que causem o mínimo de dor possível. A maioria das vezes, a eutanásia é realizada apenas com o animal sedado ou inconsciente, esta é a maneira de certificar-se de que o procedimento não será doloroso.
As diretrizes mínimas para a prática são intervenções que sejam rápidas, não geram sofrimento físico nem mental.
Quando a eutanásia em animais pode ser realizada?
A intervenção é permitida nos seguintes casos, sob indicação de profissional capacitado:
- Animais gravemente feridos, sem possibilidade de tratamento;
- Animais com doenças terminais em sofrimento;
- Animais idosos, na falta de recursos para atender às suas necessidades;
- Animais cujo custo do tratamento excede as possibilidades financeiras do proprietário ou é incompatível com a atividade produtiva a que se destina;
- Animais que representam ameaça à saúde pública;
- Animais que apresentam riscos à fauna nativa;
- Animais que são objeto de pesquisa;
Essas são as situações em que a eutanásia é permitida, pensando em animais domésticos ou que participam de cadeias produtivas (produção de conhecimento ou agrária).
No entanto, não podemos esquecer os animais de abate, que também passam por técnicas de eutanásia, desenvolvidas para induzir a morte do animal de corte sem lhe causar dor.
Quais são as boas práticas de eutanásia em animais?
Apesar dos critérios serem bem elásticos, é preciso que tenhamos a consciência do momento certo de escolher pela eutanásia.
Se por um lado, há criadores tão apegados em seus bichinhos que não conseguem dizer sim para um procedimento que será benéfico ao animal, por outro, há situações em que a eutanásia poderia ser evitada.
Muitos optam por cessar a vida de animais de grande porte precocemente, por dificuldades de manejar um animal doente, que não tem condições de se cuidar sozinho nas necessidades mínimas.
Cachorros grandes, que pesam muitos quilos, como rotweilers, comumente passam por eutanásia quando ficam doentes ou quando atingem a idade avançada. No entanto, nem sempre o procedimento é realizado nas situações acima descritas.
Claro que lidar com um animal doente de pequeno porte é muito mais fácil, o que justifica o menor número de eutanásias praticadas nesse tipo de animal doméstico.
Mas é preciso frisar que não é porque as condições para cuidar de um pet são difíceis que temos que usar nosso poder e subjugá-lo a uma intervenção extrema que poderia ser contornada com medicamentos.
Princípios para as boas práticas da eutanásia em animais
Não é apenas o desfecho do ato que deve ser realizado de maneira indolor. Uma eutanásia que não se caracterize violenta precisa levar em conta todas as condições adequadas para a realização do procedimento.
A prática prescreve cuidados humanizados, de maneira que o ambiente, as técnicas de contenção do animal, a manipulação do anestésico, enfim, todas as etapas do processo devem ser feitas de modo a evitar a dor, reduzir a ansiedade e não causar medo ao animal.
Segundo o Guia Brasileiro de Boas Práticas para a Eutanásia em Animais, publicado em 2012, os princípios para a realização da intervenção são:
- respeito ao animal;
- redução máxima do desconforto e da dor;
- inconsciência imediata, seguida de morte;
- redução máxima do medo e da ansiedade;
- segurança e garantia de irreversibilidade;
- técnicas apropriadas para a espécie, idade e estado fisiológico do animal;
- ausência de impacto ambiental;
- ausência de riscos aos presentes durante o ato;
- capacitação dos responsáveis por realizar a intervenção para agir de forma humanitária, sabendo reconhecer o sofrimento, o grau de consciência e a morte do animal;
- redação máxima de impactos emocionais negativos nos responsáveis ou nos observadores.
Assim, uma eutanásia humanizada é aquela que evita o sofrimento de todos os envolvidos, considerando humanos, o próprio animal e o meio ambiente.
Métodos para a realização da eutanásia em animais
A maneira de induzir a morte deve ser escolhida a depender dos recursos disponíveis, mas o que deve guiar a decisão são as condições de saúde do animal que vai ser submetido ao procedimento e as particularidades de cada espécie.
Há métodos químicos e métodos físicos, sendo os primeiros os considerados mais adequados na atualidade, enquanto os segundos são menos humanizados, embora mais comuns no Brasil.
Métodos químicos
A eutanásia em animais realizada por métodos químicos tem a vantagem de que a redução do sofrimento é mais garantida, no entanto, é necessário ter precisão no momento de administrar as doses das substâncias, pois um princípio inviolável para este procedimento é que ele não pode ser reversível.
Se a aplicação da substância química for mal feita ou aplicada em quantidade insuficiente, é possível que o animal não encontre a morte, o que pode causar grande dor e sofrimento, não só a ele, mas também aos seus donos.
Há drogas injetáveis, que representam a maneira mais rápida e confortável de induzir a morte. No entanto, a aplicação do medicamento na rede sanguínea pode ser inviável a depender do animal, que precisa ser contido e anestesiado. Então, esse método é utilizado somente em animais fáceis de manipular.
Há drogas introduzidas por via inalatória, que servem para interromper a transmissão do impulso nervoso, causando parada respiratória. São manipuladas em forma gasosa ou vapores, de maneira que para realizar essa técnica é preciso um equipamento ou um ambulatório mais sofisticado.
Métodos físicos
Esses métodos só são aceitáveis como última opção, sua classificação nas diretrizes regulamentadoras é “aceitável sob restrição ou inaceitável”. Isso porque, cessar a vida de um animal com intervenções físicas raramente corresponde aos princípios humanizados da eutanásia.
O CFMV estabelece os seguintes métodos físicos:
- Pistola de ar comprimido;
- Arma de fogo;
- Deslocamento cervical;
- Decapitação;
- Trauma na cabeça;
- Eletrocussão;
- Exsanguinação;
- Maceração;
- Irradiação de micro-ondas;
- Compressão torácica;
- Armadilhas de captura que matam.
No Brasil, a prática mais comum é a de eletrocussão, sendo aquelas que exigem tecnologias mais avançadas pouco utilizadas.
Quando devo escolher pela eutanásia em meu animal?
Animais domésticos só devem ser submetidos à eutanásia quando for a última opção e for possível contratar um profissional que aplique um método totalmente indolor.
Se você não tem condições financeiras de manter as necessidades de seu pet que está com a saúde comprometida, procure ajuda de instituições que cuidam e protegem os animais.
Não escolha pela eutanásia por motivos pessoais, ela deve ser realizada apenas sob indicação de um veterinário, focando o bem-estar do animal.
Organizações de pesquisas e zoonoses são aptas a realizar a eutanásia de maneira correta e são frequentemente fiscalizadas, no entanto, a eutanásia em animais domésticos não possui um controle tão específico. De maneira que o respeito aos princípios que listamos vai depender da consciência de cada criador e da conduta médica do veterinário responsável.
Faça a escolha certa: não prolongue a dor de um pet por egoísmo e vaidade, se a eutanásia for recomendada, nem aplique a eutanásia desnecessariamente, se há a opção de que o animal ainda possa viver bem e com saúde.
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